Distribuição, Um desafio constante

Este meu artigo saiu na Revista Movimentação & Armazenagem de jan-fev/98, mas continua hoje (set/99) ainda muito atual. Confira!
Com a competição de mercado, acirra-se uma batalha de concorrência de marcas e produtos que movimenta radicalmente as empresas. Comparando-se a um pato ao nadar no lago, que parece deslizar tranquilo, mas que em baixo d'água bate os pés rapidamente, as empresas não param, buscando atender o mercado de maneira mais eficaz, com menores custos possíveis.
Muitas vezes, ao consumirmos um produto, não reparamos no que está por trás dele. Começa com o seu desenvolvimento. Pesquisas, testes, fabricação, até chegar na qualidade desejada e esperada por todos. Depois, o desenvolvimento da embalagem mais adequada. Para lançamento no mercado, a campanha de marketing é imprescindível para destacar sua chegada. Paralelamente, a produção já está a todo vapor, para que o produto esteja disponível para venda, conforme programação publicitária.
É nesse ponto que entra um outro componente fundamental, a distribuição. Considerado em muitas empresas como o vilão dos custos, é o diferenciador da performance dos serviços ao cliente.
Abastecer diariamente os pontos de venda é uma tarefa árdua, de desafios constantes, que somente aparece, e negativamente, quando não se consegue cumprir, por qualquer que seja o motivo.
As dificuldades são várias: filas que atrasam o descarregamento, divergências no pedido, sistema fora do ar, recebimento fechado, zonas proibidas para circulação de caminhões, trânsito, rodízio com restrição por final de placa, etc.
As dúvidas são muitas. É melhor e mais vantajoso ter frota própria, investir em mais caminhões ou ter terceiros fazendo a distribuição?
Com a evolução da tecnologia, ganhamos fortes aliados, como rastreadores, roteirizadores, gerenciadores de frotas, código de barras, etc.
Hoje é possível termos uma cidade como São Paulo mapeada no computador, com suas variáveis de distância, sentidos, etc.
Podemos fazer melhor nossos roteiros, e com economia de custos, baseados numa malha geográfica de distribuição otimizada, com redução de quilometragem, combustível e tempo, considerando horários mais recomendáveis para descarregamento, horários de livre circulação, aproveitamento maior da capacidade dos veículos, redução no número de veículos utilizados, etc.
Em um grande centro como São Paulo, as mudanças são muito rápidas e logo, por exemplo, a distribuição noturna dos produtos para os grandes pontos de venda se massificará em uma prática muito utilizada. Hoje em dia, já é comum grandes supermercados terem equipes noturnas para reposição de mercadorias, manutenção técnica e limpeza. Existe uma rede de supermercados que já funciona 24 horas. O número de lojas neste sistema foi sendo aumentado gradativamente, pela grande aceitação do público. A princípio, não seria problemático ter uma equipe para fazer o recebimento dos pedidos. Operacionalmente, racionalizaria de forma global o custo do transporte.
No Brasil, as empresas confundem batalha de concorrência com guerra de concorrentes. Se houvesse mais união de classe, na busca de objetivos comuns, as empresas conseguiriam minimizar, junto aos grandes pontos de venda, fatores dificultadores da operação de transporte, atingindo melhores resultados. Reivindicações diversas já existem hoje, mas muitas de forma isolada, portanto sem força.
A tendência nas grandes cidades é de piora no trânsito, com o aumento de novos veículos, que entram em circulação a cada dia. Portanto, esta será uma necessidade inevitável, já que ficará cada vez mais restrito o tráfego de carga.
O desafio continua e sempre será para nós motivo de buscar, no dia a dia, soluções inovadoras, para que o produto esteja disponível na prateleira dos pontos de venda, dentro dos princípios do conceito ECR - Efficient Consumer Response.

set/1999

Marcos Valle Verlangieri,
Diretor da Vitrine Serviços de Informações S/C Ltda.,
empresa que criou e mantém o www.guialog.com.br

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